Acrílico s/tela
100x50 cm
2012
980,00 €
Nasce em Lisboa em 1945. Arquitecto
de formação, frequentou, até ao 3º ano, o curso de pintura da ESBAL.
Arquitecto, artista plástico, fotógrafo, publicitário e designer com
especialização em design gráfico, realizou variadíssimos projectos de
arquitectura e design, ilustrações para livros, cartazes, exposições e
brochuras promocionais e institucionais, e desenhou vários selos para os
CTT-Correios de Portugal, Unicef e Nações Unidas, tendo sido galardoado com
diversos prémios e menções honrosas nacional e internacionalmente.
Ao longo da sua vida profissional,
trabalhou com várias figuras de destaque no panorama das Artes Plásticas e do
Design em Portugal, com especial relevo para Sebastião Rodrigues, Alberto
Cardoso, Thomaz de Mello (Tom), António Sena da Silva, Daciano Costa, Gracinda
Candeias e Manoel Lapa, entre outros.
Pinta e expõe regularmente desde
2004 e tem várias obras adquiridas para colecções particulares, Museus e
Fundações, em Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Rússia, Estónia,
Austrália e Estados Unidos da América.
Opiniões:
Gosto de passear pelos quadros do
Zé – o arquitecto que entrou na minha percepção estética pela porta do grafismo
e que de repente, há uns anos, me surgiu Pintor emocionado de uma realidade que,
sim, eu já sabia que ambos sabíamos bem.
Eu só não suspeitava que ele a
saberia reflectir tão bem.
{[Porque nos seus quadros o que
passeia à frente dos meus olhos é a imitação (in)fiel da realidade
multifacetada.] É a versatilidade de estilos que a muitos choca mas a mim –
simples admirador, por vezes fortuito, de momentos harmoniosos – me encanta.
Porque não vale a pena enaltecer outra Arte para além da Vida; nem é por se ser
hermético que se consegue tirar do suor mais arte – bem como não há uma corrente
capaz de se sobrepor às outras neste desejo. A unicidade da expressão – a
possibilidade de que haja uma unicidade da expressão – é algo que me assusta.
Porque a agilidade daquilo que apercebemos é múltipla e é necessário que os
agentes que a transmitem – e o Zé é um deles – o façam de forma a respeitá-la.}
Quer se trate de retratar uma cena
de uma Arte trágica, como a tourada, ou a de uma alegoria poética a caminhos
cruzados com ou sem sentidos…
Atento. Sensual. Natural.
Verdadeiro. Cromático. Solitário. Criativo. Arauto. Amante. Admirador. Ingénuo.
Discreto. Irónico. O Zé, fundamentalmente, é, ou seja vê, ouve, toca, prova,
cheira. Sente. E porque os cenários, os sons, os contactos, os sabores, os
odores divergem de momento para momento, de situação para situação, as
tonalidades da reacção, neste caso da imposição em suporte físico da dimensão
da lembrança, têm que ser diferentes.
Por muito que isso pese aos que
pretendem ver nas artes plásticas não mais do que projecções de futuro.
Aquilo de que mais gosto na pintura
do Zé é da intencionalidade de cada traço, rigorosamente colocado,
matematicamente correcto, cientificamente imposto como sinal de que as partes
fazem o todo. E de que esse todo expressa uma solene homenagem a uma realidade,
ainda que essa realidade seja afinal um fetiche: os lábios grossos, sempre como
que pintados de fresco; os seios, em declínio ou opulentos; a curva da nádega o
garbo do cavalo a gentileza do toureiro a garra condenada do touro a vela
enfunada sinónimo de orgulho de um barco que sabe que jamais se perderá na
tormenta porque haverá sempre no gesto rasgado do pintor um lugar sereno uma
quadrícula de paz onde possa sossegar para sempre perante o olhar perscrutador
do espectador.
Há claramente aqui, na pintura do
Zé, uma vaga devastadora que não se vê mas que funciona também como tábua de
salvação, como porto de abrigo.
[É isso que eu procuro quando
sucessivamente o visito (ou lhe visito a pintura – o que vai dar ao mesmo). Ou,
digo melhor talvez, é isso que encontro.]
António
Manuel Santos
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